Caso Vitória: Polícia realiza reconstituição de feminicídio em Cajamar com uso de tecnologia de ponta
Simulação durou quatro horas e contou com scanner 3D e drones; familiares acreditam que o suspeito não agiu sozinho.

A Polícia Civil realizou nesta quinta-feira (24) uma reconstituição detalhada do assassinato de Vitória Regina de Souza, de 17 anos, morta em fevereiro deste ano. A reprodução simulada é considerada uma etapa essencial para esclarecer as circunstâncias do crime, que chocou moradores de Cajamar e de boa parte do país.
Utilizando scanner 3D e drones, os investigadores refizeram os últimos passos da jovem em quatro locais distintos, entre pontos urbanos e áreas rurais de Cajamar. A jovem foi vista pela última vez em um ponto de ônibus no centro da cidade, local onde imagens de câmeras de segurança registraram sua presença. Em seguida, o percurso reconstrói sua passagem por outro ponto no Ponunduva, onde teria desaparecido, passando pela casa do principal suspeito, Maicol dos Santos, até o local onde o corpo foi encontrado, em uma mata, no dia 5 de março.
A reconstituição durou cerca de quatro horas e foi solicitada pelos advogados da família da vítima. Eles sustentam a hipótese de que Maicol não teria agido sozinho. "Há muitas contradições no relato do suspeito", afirmou o advogado Wilson Zaska, que representa a família. Segundo ele, Maicol afirmou ter cometido o crime no banco da frente de seu carro, mas vestígios de sangue só foram encontrados no porta-malas do veículo.
Apesar da confissão de Maicol, que está preso desde o dia 8 de março e foi indiciado por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver, sua defesa contesta a validade do depoimento, alegando que ele teria sido feito sob coação.
A ausência do suspeito na reconstituição também gerou questionamentos. Segundo a Justiça, ele tem o direito de não participar da simulação.
Para os familiares, o processo é doloroso. "Reviver tudo isso não está sendo fácil", desabafou Giullya Oliveira Bazan Cruz, cunhada de Vitória. O caso mobilizou a comunidade local. O inquérito só será encaminhado ao Ministério Público para análise e eventual denúncia após a conclusão desta etapa.